sexta-feira, 21 de agosto de 2009

HISTORIA RECENTE E ASTROLOGIA POR LUCIA D. TORRES




Fig. 05 - Rachel Carson - 27.05.1907, 2h (-05:00)
Springdale, Pensilvânia - 079w47, 40n32.



Direita: propaganda do Desplex, fórmula comercial do Diethylstilbestrol. O produto é apresentado como um preventivo do aborto e de outros riscos da gravidez.


ARTIGO TÃO INTERESSANTE E INFORMATIVO QUE SOU OBRIGADO A ESTAMPAR AQUI


A TRAJETÓRIA DE PLUTÃO DE CÂNCER A CAPRICÓRNIO
Pai, uma espécie em extinção
Lúcia D. Torres

Início do artigo | Parte 2

A gênese da extinção (Plutão em Câncer)
Década de 30. Anos de incerteza, pós crack de 29 e Grande Depressão Econômica. O mundo se recuperava com dificuldade das consequências dolorosas da I Grande Guerra. Algo de muito visceral e aniquilador estava acontecendo com o conceito de “família” – a “célula-mater da sociedade”. Desconhecíamos, entretanto, que não era apenas uma mudança social ou mesmo cultural que estava sendo gerada. Não, pior do que isto. Estávamos dando o primeiro passo em direção à morte da capacidade feminina de gerar bebês saudáveis. E de acabar com a fecundidade dos machos. O desenvolvimento do DES é uma das trágicas manifestações de Plutão no signo de Câncer, como iremos demonstrar a seguir.

O primeiro hormônio sintetizado em larga escala, disponível por via oral, foi o DES (Diethylstilbestrol, um estrogênio sintético). A definição tradicional de estrógeno é ser uma substância capaz de induzir o estro ou uma resposta biológica associada a ele. O estro (do latim, estrus) é o período do ciclo reprodutor das fêmeas de mamíferos em que se dá a ovulação e a fêmea se torna mais receptiva ao acasalamento (cio).

O DES foi descoberto em 1930 por Charles Dodds, pesquisador que, 35 anos depois, admitiria que esta substância havia sido comercializada sem nenhum teste de toxicidade realizado a longo prazo em mamíferos. Portanto, foram as mulheres que serviram diretamente de cobaias (!!!). (DODDS, E. C. Stilboestrol and after. Annual Review of the Scientif basis of Medicine. British Postgraduate Medical Federation. Londres: University of London, 1965.)

A partir de 1932, o DES começou a ser ministrado em mulheres grávidas como uma forma preventiva ao aborto. Foi aprovado em 1941 pela FDA (agência governamental americana que lida com o controle das indústrias alimentícias e de medicamentos) para prevenir problemas nos seios durante a amamentação (há algo mais canceriano do que isto?). Nesse mesmo ano, foi indicado o seu uso para problemas de câncer de próstata.

A eclosão da II Grande Guerra também incentivou o desenvolvimento da indústria química e farmacêutica. Com isto, muitas substâncias sintéticas foram criadas. O que não se previu é que os estrogênios sintéticos, presentes em muitos produtos e nas embalagens dos mesmos, os quais são consumidos cotidianamente desde então, se mimetizariam de várias maneiras.

Durante quatro décadas (de 1940 a 1980) o produto DES foi aprovado em casos de deficiência de estrogênio – como nos problemas de ovário e após a redução dos mesmos. Só nos EUA, estima-se que entre 5 a 10 milhões de pessoas foram expostas ao DES entre 1941 e 1971.

De 1960 a 1977, foi usado no tratamento de câncer dos seios. Até 1990, era usado para câncer de próstata e de seio nos EUA.

Em 1973, começou a ser indicado como “pílula do dia seguinte”, um contraceptivo imediato à relação sexual [a imagem ao lado é uma propaganda dos anos 70]. A partir dos anos 80, seu uso foi descontinuado.

Em 15 de abril de 1971, o New England Journal of Medicine publicou um estudo de três cientistas do Massachusetts General Hospital no qual foi mencionada a relação entre o DES e o câncer na vagina.

Em novembro de 1971, a FDA mandou um aviso a todos os médicos dos EUA para pararem de prescrever o DES para mulheres grávidas porque o produto estava relacionado ao câncer nos órgãos sexuais e ordenou que a prevenção de abortos espontâneos fosse removida das indicações do produto e colocado como contra-indicação o uso em mulheres grávidas.

Mas o DES não foi banido, mesmo com todos os estudos que demonstravam indubitavelmente a sua malignidade – continuou sendo prescrito pelos médicos até 1978, na maior parte dos paises europeus, e até 1994 nos países do terceiro mundo.

Hoje é conhecido como um “carcinogênico transplacentário” porque ele atravessa a placenta materna, podendo causar câncer reprodutivo nos descendentes. Durante muito tempo, acreditou-se que a barreira placentária protegia o feto, engano que só foi extinto com o escândalo da talidomida em 1962.

Mais de trinta anos de pesquisa confirmaram que o DES é um teratogênico, um agente que causa malformações em embriões ou fetos. Existem estudos que comprovam efeitos negativos sérios até a terceira geração, tais como:

câncer nos órgãos sexuais de homens e mulheres e nos seios femininos;
más-formações estruturais em homens e mulheres, principalmente no pênis, uretra, vagina;
decréscimo na produção de espermatozóides;
feminilização nos fetos masculinos;
disfunções no trato reprodutivo;
tumores nos testículos;
cistos no epidídimo;
lesões epiteliais nas trompas;
adenocarcinomas.

Um estudo indicou que as consequências do uso do DES são transgeracionais, ou seja, os efeitos negativos serão observados num neto da pessoa que usou o produto, mesmo se o filho desta pessoa não teve consequências manifestas.
Mas o pior de tudo é que o DES continua sendo usado amplamente na engorda do gado e no aumento de peso de galinhas, o que acaba acarretando a transferência deste hormônio para o ser humano por meio da ingestão destas carnes. Conhece-se o conflito que isto gerou entre Europa e EUA pelo fato de os últimos serem favoráveis ao uso de hormônios no gado. Mesmo na Europa, onde o uso é proibido, estima-se que 30 a 40 % do gado receba DES.

O alerta ignorado (Plutão em Libra)
Ao longo dos anos 60, muitos países foram emancipados. As questões ligadas ao desenvolvimento econômico passaram a ser a ordem do dia. A Conferência de Estocolmo (1972) foi a grande tentativa de promover um acordo mundial que indicasse direções políticas adequadas às questões ambientais e ao desenvolvimento econômico, de modo que cada país fizesse a sua parte neste pacto de cooperação. Nada mais sincrônico ao signo de Libra. Mas até chegar neste grande evento, uma série de fatos foram desencadeando este “despertar” da consciência ecológica, como veremos a seguir.

Em 1949, a Conferência Científica das Nações Unidas sobre Conservação e Utilização dos Recursos Naturais reuniu, pela primeira vez, cientistas e especialistas para analisarem a gestão dos recursos naturais num mundo que sofria as conseqüências de duas grandes guerras mundiais.

Rachel Carson, em 1962, publicou uma obra que causou polêmicas e ameaças: Silent Spring (A Primavera Silenciosa). A autora, geminiana com uma forte conjunção Marte / Urano em Capricórnio na casa X, denunciou não apenas os efeitos deletérios do DDT como também questionou com firmeza a confiança cega da humanidade nos progressos tecnológicos. (Fig. 05). Este livro contribuiu de forma significativa para a conscientização ambiental e o movimento social que se criou a partir disto. Juntamente com o biólogo René Dubos, esta mulher admirável foi uma das pioneiras a demonstrar a interdependência entre os homens, animais, plantas e o planeta Terra.


No mapa de retorno solar de 1962 (para a mesma cidade de nascimento), Júpiter da Revolução está se aplicando trígono à conjunção Júpiter-Netuno natal. Este excelente aspecto favoreceu-lhe a cumplicidade de cientistas eminentes que vieram em sua defesa quando a indústria de pesticidas questionou sua integridade e sanidade, não obstante os argumentos contundentes e as evidências inquestionáveis de seu texto. Quando o presidente Kennedy investigou as questões levantadas pelo livro, recebeu relatórios científicos que corroboraram o que foi apresentado pela autora.

Talvez uma das maiores contribuições deste livro foi a sensibilização pública de que o meio ambiente é extremamente vulnerável à intervenção humana. Parece que a grande maioria das pessoas não valorizava as ameaças de extinção de espécies e outras questões de desequilíbrio ambiental que, desde a década de 40, já estavam sendo alardeadas. Pela primeira vez, a necessidade de regulamentar a produção industrial de modo a proteger o meio ambiente se tornou aceita.


O debate sobre as questões econômicas versus as questões ambientais começou a ficar mais intenso. Em 1964, foi realizado o primeiro grande fórum tendo como tema fundamental as relações entre comércio e industrialização: a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento – UNCTAD. Durante toda a década de 60/70, os debates generalizados e internacionais incitavam o movimento ambientalista mundial a buscar alternativas políticas e de gestão: a questão do meio ambiente transformou-se num fato político impossível de se ignorar.

A idéia de organizar um encontro mundial para discutir os problemas ambientais se consolidou ao final da década de 60. Em 1968, o Conselho Econômico e Social das Nações Unidas sugeriu a realização de uma conferência mundial para tratar dos problemas ambientais.

Em 1970, o bloco latino-americano presente no Simpósio promovido pelas Nações Unidas em Tóquio observou que o sistema sócio-econômico vigente estava diretamente relacionado à contaminação ambiental.

Em 1971, a Comissão Econômica para a Europa promoveu o Simpósio sobre Problemas Relativos ao Meio Ambiente em Praga, Tchecoslováquia. O documento resultante deste encontro sugere punições como medidas disciplinadoras para coibir os agentes poluidores – uma tentativa de “controle ambiental”.

Também neste ano, a Assembléia-Geral da ONU decidiu convocar para 1972 em Estocolmo, Suécia, a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano. Começaram as negociações (Libra), uma vez que esta conferência consolidou o que seriam as bases para uma política ambiental a ser adotada por todos os países: o Relatório Brundtland.

Princípios da Declaração de Estocolmo
Os direitos humanos devem ser defendidos; apartheid o e o colonialismo devem ser condenados.
Os recursos naturais devem ser preservados.
A capacidade da Terra de produzir recursos renováveis deve ser mantida.
A fauna e a flora silvestres devem ser preservadas.
Os recursos não-renováveis devem ser compartilhados, não esgotados.
A poluição não deve exceder a capacidade do meio ambiente de neutralizá-la.
A poluição danosa aos oceanos deve ser evitada.
O desenvolvimento é necessário à melhoria do meio ambiente.
Os países em desenvolvimento requerem ajuda.
Os países em desenvolvimento necessitam de preços justos para suas exportações, para que realizem a gestão do meio ambiente.
As políticas ambientais não devem comprometer o desenvolvimento.
Os países em desenvolvimento necessitam de recursos para desenvolver medidas de proteção ambiental.
É necessário estabelecer um planejamento integrado para o desenvolvimento.
Um planejamento racional deve resolver conflitos entre meio ambiente e desenvolvimento.
Assentamentos humanos devem ser planejados de forma a eliminar problemas ambientais.
Os governos devem planejar suas próprias políticas populacionais de maneira adequada.
As instituições nacionais devem planejar o desenvolvimento dos recursos naturais dos Estados.
A ciência e a tecnologia devem ser usadas para melhorar o meio ambiente.
A educação ambiental é essencial.
Devem-se promover pesquisas ambientais, principalmente em países em desenvolvimento.
Os Estados podem explorar seus recursos como quiserem, desde que não causem danos a outros.
Os Estados que sofrerem danos dessa forma devem ser indenizados.
Cada país deve estabelecer suas próprias normas.
Deve haver cooperação em questões internacionais.
Organizações internacionais devem ajudar a melhorar o meio ambiente.
As armas de destruição em massa devem ser eliminadas.

Infelizmente, Plutão mudou de signo em 1983 (ingressando em Escorpião) e todas estas boas intenções ficaram no papel.

“Nosso futuro roubado” – Plutão em Capricórnio
Um dos ícones mais antigos deste signo é a cabra, símbolo de luxúria, de cobiça e de fertilidade. Segundo Liz Greene, também aqui vamos encontrar o confronto entre pai e filho:

O tema do sacrifício do velho rei, para assegurar a fertilidade das colheitas, é um motivo antigo, que associo especialmente ao signo de Capricórnio. O rei precisa morrer, o novo rei precisa nascer, os dois precisam lutar e, na morte, revelarem-se um só. Em Áries, o filho encontra o pai como um deus de fogo, cuja fúria ciumenta compromete a humanidade nascente. Em Capricórnio, o pai é a própria terra, o princípio da realidade. (...) Crono não é um princípio masculino independente e sim, o lado masculino do princípio gerador, presidido pela Mãe. (...) O Pai terrível, que procura secreta e inconscientemente destruir o filho, também lhe oferece a salvação através do aspecto feminino do mesmo emblema, que ele próprio ostenta. (Astrologia do destino, p. 217 – 223.)

Apesar da passagem de Plutão em Libra, não conseguimos executar a contento os altos ideais da Conferência de Estocolmo. Pelo contrário, depois de trinta e sete anos, Plutão em Capricórnio nos encontra cada vez mais doentes, com nossos corpos físicos sendo mutilados tanto pela desordem celular como pelas intervenções agressivas dos fármacos, além de nos surpreender presos e enredados em nossa cobiça material e nas mazelas ambientais que provocamos em busca do lucro desenfreado.

Capricórnio é um signo de Terra, ligado à esterilidade, ao final de um ciclo, à morte. Bem sincrônico à realidade das condições insalubres a que estamos submetendo o nosso planeta.

Atualmente, a comunidade acadêmico-científica reconhece que a exposição a certos produtos químicos afeta de forma adversa o desenvolvimento dos organismos e, por consequência, isto resulta em doenças crônicas. A exposição pré-natal ao DES foi o primeiro exemplo documentado onde a exposição dos fetos resultou em mudanças de longa duração.

É alarmante o número de pessoas que recebem o diagnóstico de câncer anualmente: as estatísticas mencionam cerca de 10 milhões. Por outro lado, outro dado que preocupa, cada vez mais, é a incidência de malformações do sistema reprodutivo masculino. Hoje há provas contundentes de que tais efeitos estão relacionados à contaminação ambiental.

Sabe-se que os efeitos de determinados produtos químicos industriais atuam como substâncias que causam distúrbios na síntese, secreção, transporte, ligação, ação ou eliminação de hormônios endógenos. Foram denominados de “disruptores endócrinos”. Acabam, também, por alterar a diferenciação sexual e a função reprodutiva. Isto foi comprovado tanto em experimentos de laboratórios, com cobaias, como também em animais selvagens e seres humanos. Conhecidos pelas nomenclaturas de Bisfenol A, ftalatos, alquilfenóis, dietilestilbestrol, só para citar alguns, encontramos estes componentes nos filtros e protetores solares, plásticos, detergentes, inseticidas, herbicidas, fungicidas, cosméticos, perfumes, plásticos, carpetes, móveis, roupas e detergentes em pó, além de muitos outros produtos industriais de emprego frequente.

Entretanto, as políticas governamentais não mudam, os consumidores não são informados dos riscos a que estão sendo submetidos, as pesquisas científicas desta natureza não são amplamente divulgadas... A quem interessa que este status quo seja mantido? E por outro lado, por que as pessoas não se interessam em buscar informações ou por que as pessoas que já estão informadas e sensibilizadas não mudam seus hábitos?

Assim como o livro de Rachel Carson foi um marco paradigmático na década de 60, um outro livro publicado na década de 90 está “fechando a gestalt” aberta por Rachel. Estou citando Nosso futuro roubado (Theo Colborn, Dianne Dumanoski e John Myers). Os autores usam o termo 'feminização' para expressar a trágica consequência das relações entre os distúrbios reprodutivos e a sobrecarga de hormônios sintéticos que atuam como disruptores endócrinos. Estas substâncias afetam a fisiopatologia não somente dos estrógenos, mas de todos os hormônios. Todas as informações que se seguem foram retiradas deste livro.

Por uma interessante coincidência, exatamente no mesmo ano em que Edward Dodds anunciou a síntese do DES, um químico suíço, Paul Muller, descobriu um novo pesticida poderoso. Ambos os agentes químicos sintéticos debutaram em 1938, em meio a grandes aclamações. Assim como o DES foi anunciado como uma ”droga maravilhosa”, o DDT foi elogiado como um “pesticida milagroso”. Dodds recebeu o título de cavaleiro do rei por seus esforços para sintetizar hormônios sexuais. Muller recebeu o prêmio Nobel em 1948. (p. 87)

Bisfenol A (BPA)
Uma das substâncias químicas de maior produção ao redor do mundo encontra-se em latas de conserva revestidas internamente com filme de polímero, lentes de óculos, materiais automotivos, mamadeiras, garrafas de água mineral, encanamentos de água de abastecimento, adesivos, CDs e DVDs, selador dentário à base de resina, etc.

A descoberta de que o BPA apresenta atividade estrogênica intensa ocorreu acidentalmente, quando Ana Soto verificou que, ao serem autoclavados, os tubos plásticos de policarbonato, empregados em seus experimentos, liberavam na água essa substância – que, em determinada concentração, ocasionou estímulo da proliferação de células de câncer de mama.

Ftalatos
Outra classe de materiais produzidos industrialmente em larga escala. Os mais pesados são utilizados em materiais de construção, móveis, roupas e, principalmente, para dar flexibilidade ao PVC. Aqueles com pesos moleculares relativamente baixos tendem a ser utilizados em solventes e em adesivos, tintas, cosméticos, ceras, inseticidas e produtos farmacêuticos e de uso pessoal. Brinquedos, mamadeiras e outros utensílios de material plástico representam uma fonte potencial de contaminação das crianças por ftalatos. Bolsas e mangueiras de PVC são empregados no tratamento de pacientes para a administração intravenosa de fluidos, fórmulas nutritivas, sangue e também para a hemodiálise e o fornecimento de oxigênio.

Alquilfenóis
Empregados como matérias-primas amplamente utilizadas como componentes de detergentes, tintas, herbicidas, cosméticos, pesticidas e em muitos outros produtos domésticos, industriais e agrícolas. O nonilfenol foi detectado na água comercializada em garrafas feitas de PVC e de polietileno de alta densidade (PET), no leite comercializado em embalagens deste tipo e em amostras de copos descartáveis, pratos e outros materiais plásticos.


Esta capacidade mimética dos disruptores endócrinos acabou por provocar uma feminilização em massa, atingindo todas as espécies vivas. O que parecia ser um fenômeno isolado (os jacarés do lago Apopka, a mortandade dos golfinhos no Mar Mediterrâneo, a mortandade das focas na Ilha de Anholt, as gaivotas mortas no Lago Ontário, a mortandade dos peixes do lago Michigan, a baixa produção de espermatozóides nos homens, o aumento da incidência de câncer de útero e de mama nas mulheres, a endometriose feminina, as más formações fetais) demonstrou estar tragicamente interligado. Somos uma grande família planetária (Câncer) que está física e psiquicamente doente (Capricórnio).

O que nos sugere a passagem de Plutão em Capricórnio nos próximos dezesseis anos?

Sabemos que Capricórnio está associado ao pai, à aplicação das leis, à ordem, à transmissão dos valores mais elevados da civilização, ao Estado, ao sistema, à economia. Acompanhamos, com preocupação e uma certa impotência, o desmoronamento e a falência que este sistema globalizado já vem apresentando desde agora.

Segundo uma perspectiva psicológica, um pai ideal é aquele que promove o crescimento, a diferenciação e a autonomia de seus filhos. Quando renunciamos à iniciativa pessoal (Áries) de escolher (Libra) não estaremos delegando esta responsabilidade (Capricórnio) a uma força externa?

Um talante de destrucción y renovación universal... ha dejado su impronta en nuestro tiempo. Este talante se percibe por doquier, política, social y filosóficamente. Vivimos en lo que los griegos llamaban el kairós – el momento justo – para una “metamorfosis de los dioses”, de los principios fundamentales y los símbolos. Esta peculiaridad de nuestro tiempo, que no elegimos conscientemente, es la expresión de lo humano inconsciente que llevamos dentro, que está cambiando. Las generaciones futuras tendrán que tener en cuenta estas importantes transformaciones para evitar la autodestrucción de la humanidad com el poder de su propia tecnología y su ciencia... Todo eso está en juego y todo elllo depende de la constitución psicológica del hombre moderno. (Carl Jung) - apud em Richard Tarnas, Cosmo y Psique)

Plutão em Capricórnio nos convoca a assumir nossa responsabilidade pessoal e coletiva. Estamos frente a frente com as consequências de nossas escolhas, de nossas compulsões, de nossa insensatez. “Não herdamos a Terra de nossos pais, a tomamos de empréstimo de nossos filhos” dizem os nativos norte-americanos.

Se não reorientarmos nossos rumos pessoais e coletivos, se não mudarmos nossos hábitos de consumo, se não buscarmos uma integração entre o masculino e o feminino como forças estruturantes da psique, se não resgatarmos uma visão transdisciplinar, transcendente, onde o espírito seja tão valorizado quanto o intelecto... neste breve espaço de tempo que ainda nos resta estaremos inviabilizando a nossa existência enquanto espécie. Ou ressignficamos a profecia kafkiana, ou não teremos filhos (literalmente) para compartilhar nossos sonhos.

Bibliografia consultada
www.wikipedia.org
COLBORN, Theo; DUMANOSKI, Dianne e MYERSO, John. O futuro roubado. Porto Alegre, LPM, 1997.
HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos - o breve século XX – São Paulo, Cia. das Letras,
KAFKA, Franz. A metamorfose. São Paulo, Companhia das Letras.
__________. Carta ao pai. São Paulo, Companhia das Letras.
__________. O Processo. São Paulo, Companhia das Letras.
GREENE, Liz. Saturno. São Paulo, Pensamento.
_________. Astrologia do destino. São Paulo, Pensamento.
Revista Entrelivros – entreclássicos no. 08 – Franz Kafka. São Paulo, Duetto editorial, 2003.

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